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CDL Musical aconteceu em Araçatuba – SP

18 de Fevereiro de 2011 Deixe um comentário

Em sua 4ª edição, aconteceu em Araçatuba, no Centro Diocesano de Pastoral, interior de São Paulo, o CDL Musical. Cerca de 60 jovens de várias dioceses de São Paulo participaram deste Curso de Dinâmica para Líderes, motivados pela música e pela arte. Promovido pela Pastoral da Juventude (PJ) paulista e pelo CCJ (Centro de Capacitação da Juventude), segundo os organizadores do CDL, este curso tem como objetivos:

  1. Destacar a música como parte de um conteúdo formativo, procurando, dentre o repertório sugerido, conjugar melodia e texto, pois, a música traz a memória de algo concreto, objetivo;
  2. Resgatar e fortalecer, através da música, características específicas da Pastoral da Juventude, como por exemplo, a valorização da vida, o Deus no qual se acredita, dentre outras especificas da PJ;
  3. Estabelecer critérios para a escolha correta da música de cunho pastoral, objetivando-a no trabalho pastoral, a fim de que se tenha em mente que a música sempre acompanha as atividades pastorais, além das celebrações litúrgicas;
  4. Superar a superficialidade e o sentimentalismo que permeiam certos tipos de repertório, características que, muitas vezes, se encontram presentes e supervalorizadas em certas músicas, sobressaindo em suas letras a imagem de um “eu” intimista e um Deus que não se mostra nas relações  comunitárias do agir pastoral;
  5. Mostrar o Ofício Divino da Juventude (ODJ) como possibilidade de material que possibilite um encontro orante, levando os participantes a usufruírem não de uma espiritualidade qualquer, mas de uma espiritualidade libertadora;
  6. Ativar trocas de experiências entre dioceses e paróquias, comunidades e realidades pastorais ligadas à Pastoral da Juventude;
  7. Capacitar multiplicadores para o trabalho pastoral no grupo de jovens, abrindo possibilidades de integração na equipe do CDL musical;
  8. Despertar nos participantes o gosto pela arte, pela palavra, pela música, pela dança, elementos que circundam as realidades juvenis e que são carregados de conceitos formativos.

Logo no primeiro dia os participantes, através de uma dinâmica de integração, foram apresentados entre si, momento em que puderam contemplar as realidades presentes. Encerrou-se esta primeira noite com a oração de Taizé, um estilo de rezar intermediado por refrãos orantes cantados, cuja repetição contemplativa ajuda os orantes a penetrar na palavra, na melodia.

O curso teve seu momento de partilha significativa no dia seguinte. Edina, especialista em adolescência e juventude da CAJU (Casa da Juventude – GO), introduziu os participantes num processo de integração entre música e juventude, apresentando dados oficiais com relação à juventude, ao mesmo tempo indagando como a música midiática influencia no modo comportamental da juventude. Dados estatísticos foram apresentados e constatou-se que um pouco mais de 25% da população brasileira, cerca de 51,7 milhões, é formada por jovens. Também há de se levar em consideração que quando se quer falar de juventude, diferentes leituras devem ser abordadas: biológica (com relação à faixa etária, por exemplo), cultural, sociológica, jurídica, teológica e psicológica. É a partir dessas leituras que se produz toda uma musicalidade que se despeja na forma das mais variadas mídias para a juventude consumir. Logo, há um direcionamento pensado midiaticamente para que se maquine uma cadeia de produtos destinados a essa faixa da vida, a juventude. O produto mercantil juvenil é altamente rentável e lucrativo. Todavia, necessário se faz olhar para essa forma de consumir, o que às vezes se torna doentio, mas desnecessário, supérfluo, e que se retome a consciência disso.

No campo musical, por exemplo, pergunta-se: qual música representa de fato a juventude? Muitas respostas entram nesse rol de apresentações, por isso, também se constatou que, para cada tribo jovem, um certo de tipo de consumo musical. O jovem Vitor Hugo, capacitador e assessor do curso, chamou a atenção dos participantes para isso, mostrando que é urgente e necessário se pensar nas escolhas comportamentais e musicais que norteiam nossas vidas, de tal modo que, a partir delas, podemos ganhar ou perder.

Nesse sentido, a musicalidade que se quer resgatar, num curso desse porte, é aquela em que possua traços de uma boa espiritualidade, genuinamente pastoral e ao mesmo tempo que permita os jovens saborearem as possibilidades de conviverem em comunidades, e não em tribos.

Vitor também considera que a arte é revolucionária, sobretudo porque é uma via que deve ser levada em consideração e que, dentre as mais variadas formas de arte, está a música. Esta música que é buscada e “resgatada”, segundo Vitor, é uma música com conteúdo libertador e não intimista ou individualista, uma música que transcenda a realidade e faz com que a juventude se encaminhe para um agir pastoral, em conjunto, em comunhão com outros jovens, com outras realidades, com a Igreja em que está inserido e com o meio.

Neste mesmo dia os participantes puderam optar por participar de diversas oficinas que aconteciam simultaneamente em espaços preparados. Foram ofertadas oficinas de ritmo, mística e espiritualidade, música e poesia, confecção de instrumentos, dança popular e canto e técnica vocal. Vários assessores contribuíram para a elaboração dessas oficinas na parte da manhã e na parte da tarde. Eu pude ter o prazer de ministrar a oficina da palavra e poesia. Esta oficina teve como objetivo procurar, de forma prática e explicativa, inserir os participantes na construção das formas de poesia, usando recursos técnico-didáticos, colaborando com definições e exemplos presentes na musicalidade brasileira, produzindo textos poéticos, e avaliando os resultados obtidos.

Logo à noitinha, num plenário, os resultados das oficinas puderam ser vistos e contemplados, pois cada grupo e assessor apresentou de forma prática e breve uma pequena mostra do que foi o trabalho realizado ao longo do dia.

Tendo em vista o conteúdo do dia, a proposta sugerida pelos condutores do curso era a de que nessa noite de sábado houvesse uma festa, tipo aquelas do estilo judaico, realizadas em tendas. As tendas foram montadas e preparadas com o próprio conteúdo originado das oficinas e com diversos participantes previamente inscritos. Tamanha foi a criatividade, a beleza e as características individuais das tendas que os participantes puderam vislumbrar no coletivo e de forma lúdica algo que completasse aquela formação que tiveram ao longo do dia. A festa das tendas foi encerrada com uma grande partilha de alimentos, música e dança.

No domingo, os mesmos participantes puderam preparar juntos a celebração litúrgica. Vários assessores ajudaram os participantes neste processo, já que o exercício coletivo de se preocupar com a liturgia é fator preponderante também nos grupos jovens. Eles anseiam por uma liturgia orante, na qual, aos seus moldes, podem reverenciar o mistério pascal também acontecendo em suas vidas. O curso teve seu fim no domingo, com a missa de encerramento presidida por Pe. Edgar, presente no curso em tempo integral e uma avaliação.

Taí uma experiência muito positiva e motivadora para aqueles que desejam trabalhar e formar jovens ou grupos de jovens, seja nas comunidades, paróquias ou dioceses. O CDL musical vem confirmar a real necessidade de um trabalho que liga arte e vida, de um jeito inovador, articulando a Pastoral da Juventude e a construção do conhecimento em mutirão, aplicado na vida e na missão eclesial. Vale a pena investir nisso.

Acesse no link a seguir um vídeo sobre o CDL Musical: http://www.youtube.com/watch?v=vaBnY7CiG18